Diretor de “Raiva” comenta drama que narra história de família portuguesa na década de 1950
Longa é adaptação do romance “Seara de Vento”, de Manuel da Fonseca
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Com fotografia em preto e branco, o filme português “Raiva”, dirigido por Sérgio Tréfaut, estreia dia 7 de março nos cinemas brasileiros. A adaptação do romance “Seara de Vento”, de Manuel da Fonseca, traz o drama de camponeses da região portuguesa de Baixo Alentejo, após um crime motivado por vingança.
Ao retratar um cotidiano castigado pela pobreza – semelhante ao período medieval –, a produção lembra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Uma das características que mais aproxima as duas obras é o silêncio. O diretor Sérgio Tréfaut conversou comigo. Ele explicou que a ausência de sons e diálogos faz parte da construção da narrativa.
“O silêncio é um fator fundamental e que faz parte da identidade do Alentejo, das pessoas serem muito caladas. Para mim, era muito importante fazer um filme em que a história é equivalente em tantos países e lugares do mundo, se percebesse sem legenda, sem você ficar explicando: ‘este é isso’ ou ‘aquele é aquilo’. No fundo, fazer com que o espectador entendesse tudo sem precisar de excesso de diálogo.”
Para o diretor, "Raiva" traz um encontro de gerações, uma vez que a história conversa com o passado e o presente. Além de conseguir se comunicar com pessoas de lugares completamente diferentes. Tréfaut explica:
“É um filme que procura ressuscitar o conhecimento de uma realidade que a sociedade atual tende a pagar. E falando da revolta e da raiva, ele faz o retrato de uma personagem que mesmo sendo humilhada de todas as formas, não pode se revoltar nem contra a justiça, nem fazendo uso da polícia, da igreja, de ninguém. A única forma que ele tem para se vingar é pegar uma arma.”
No elenco, estão Isabel Ruth, Leonor Silveira e Hugo Bentes. Bentes, inclusive nunca havia atuado na vida. O longa não é recomendado para menores de 14 anos, e estreia no dia 7 de março nos cinemas.